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quarta-feira, 11 de março de 2015

MEDIAM / MEDEIAM

Na fase “Ângela Merkel e François Holland mediam as conversações sobre o cessar fogo”, o verbo está corretamente flexionado?

Há um equívoco na flexão do verbo “mediar”. Usado dessa forma, entende-se que os dois personagens verificam a "extensão” das citadas conversações.

Os verbos irregulares “mediar – ansiar – remediar – incendiar – odiar” apresentam uma vogal epentética /e/ nas formas rizotônicas do presente do indicativo e nas formas dele derivadas.

Eu medeio – tu medeias – ele medeia – nos mediamos – vós mediais – eles medeiam.
Eu anseio – tu anseias – ele anseia – nós ansiamos – vós ansiais – eles anseiam.
Eu remedeio – tu remedeias – ele remedeia – nós remediamos – vós remediais – eles remedeiam.
Eu incendeio – tu incendeias – ele incendeia – nós incendiamos – vós incendiais – eles incendeiam.

Eu odeio – tu odeias – ele odeia – nós odiamos – vós odiais – eles odeiam.

quarta-feira, 4 de março de 2015

SUBSÍDIO / SUBZÍDIO

Ouvi uma personalidade declarar que “A diminuição de subSídios não vai fazer o País parar”, pronunciando a letra [S] como se fosse um /Z/. É correto?

Sua Excelência estava equivocada. A letra [S] somente representa o fonema /Z/ quando estiver entre vogais: asa – casa – peso – preciso – confuso.

Na palavra subsídios, o [s] está entre uma consoante e uma vogal e representa a consoante fricativa alveolar surda, como em precipício; caçoar; assassino; obsoleto; absurdo...

terça-feira, 3 de março de 2015

AMBIGUIDADE

“O governador Geraldo Alckmin, decretou, nesta quinta-feira o fim do prazo de espera para a retomada das obras da linha 4-amarela do metrô. Alckmin disse que as multas e advertências possíveis foram aplicadas ao consórcio Isolux-Corsan-Corviam.
Desacreditado, o governador disse que ‘não tem mais jeito’ e que uma nova licitação será feita até o fim do semestre”.
O termo em destaque refere-se a quem?
O autor imaginou que o contexto incumbir-se-ia de desfazer a ambiguidade evidente, pois, da forma como está, o “desacreditado” tanto pode ser o consórcio como o próprio governador.
Quando escrevemos, devemos ter em mente o leitor de nosso texto. Ele é a peça mais importante no processo desencadeado com o ato de escrever. Se o leitor não conseguir decodificar bem a mensagem, perderam-se os tempos do emissor e do receptor, pois não ocorreu a comunicação, logo, para que serve o texto? Para nada, evidentemente.
O mais interessante é que, neste texto, a ausência do termo destacado seria suficiente para desfazer a ambiguidade. Basta tirar o “desacreditado” para o consórcio tornar-se desacreditado, na visão do governador. 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

PLURAL DE POMBO-CORREIO

Como é feito o plural dos compostos do tipo “pombo-correio”, “navio-escola” e “fazenda-modelo”?

Os substantivos compostos ligados por hífen, em que o segundo elemento especifica o primeiro, fazem o plural com a flexão apenas do primeiro elemento formador:
·  
  1. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia;
  2. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor;
  3. substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior.

Exemplos:
·        navio-escola / navios-escola
·        palavra-chave - palavras-chave
·        rádio-relógio - rádios-relógio
·        notícia-bomba - notícias-bomba
·        homem-rã - homens-rã
         peixe-espada - peixes-espada

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A COMPONENTE / O COMPONENTE

Li em um jornal a frase “A decisão sobre haver racionamento, ou não, tem uma forte componente política” e fiquei confuso quanto à concordância nominal com o substantivo “componente”. Ele é masculino ou feminino?

O termo “componente” pode ser adjetivo ou substantivo. Em qualquer das duas classes, ele é o que a Gramática Normativa chama de “comum de dois gêneros”, isto é, serve para o masculino ou para o feminino, fazendo a distinção genérica por meio do artigo, no caso específico o artigo indefinido feminino “uma”.

É de se notar, entretanto, que, no Brasil, os falantes usam preferencialmente como se fosse do gênero masculino.

Um forte componente político / o componente social / o componente hídrico da prestação de serviços / etc.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

SOCIOECONÔMICO / POLÍTICO-ECONÔMICO

Qual é a razão de escrever-se “socioeconômico” e “político-econômico” sem e com o hífen, respectivamente?

Porque “socio” é um falso prefixo e somente será escrito com o hífen se estiver antes de palavras começadas com a mesma vogal final [o] ou com a letra [h]. Já em “político-econômico”, temos um tipo de formação de palavras por justaposição, em que os elementos formadores são de natureza nominal (ambos são adjetivos) que mantêm sua independência fonética e significativa, ao formar uma terceira unidade semântica.

Por isso escrevemos socioeducativo; sociocultural; socioambiental; sociobiologia; sociocracia; sociodrama. E, por outro lado, grafamos político-administrativo; político-econômico; político-religioso; político-social...

É bom não confundir o pseudoprefixo “socio”, semanticamente ligado a “social”, com o substantivo “sócio”: aquele que participa de uma sociedade: sócio-gerente; sócio-diretor; sócio-torcedor...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A VÍRGULA E A AMBIGUIDADE

“Filho de brasileira, que se uniu ao Estado Islâmico, pode levar até cinco anos de cadeia”.

Quem se uniu ao Estado Islâmico? O filho ou a mãe?

Da forma como está escrita a frase, o pronome relativo “que” refere-se à totalidade do termo imediatamente anterior. A oração “, que se uniu ao Estado Islâmico,” é uma adjetiva explicativa que remete para esse termo (Filho de brasileira). Se eliminarmos a oração entre vírgulas, o sentido do fato principal – a possibilidade da pena – é preservado.

O contexto histórico informa o leitor sobre a realidade dos fatos. Quem praticou o ato de “unir-se” foi o rapaz e não a mãe. Isso está nos jornais e nos noticiários do rádio e da televisão.

Para mudar o fato e a gramática, basta que se eliminem as duas vírgulas. “Filho de brasileira que se uniu ao Estado Islâmico pode levar até cinco anos de cadeia”. Pronto! A oração transformou-se em adjetiva restritiva e passa a referir-se exclusivamente ao termo “brasileira”.

Surge então outra dúvida: quem levará a pena? O filho ou a mãe?

Se o filho for punido, o será por ser filho de uma mulher que se uniu ao Estado Islâmico... É uma profunda incoerência!

Para que os leitores não tenham a menor dúvida sobre o significado do texto, seria melhor reformular para:

“Rapaz que se uniu ao Estado Islâmico, que pode ser condenado a cinco anos de prisão, é filho de mãe brasileira”.